O menino da janela

Author: Henrique Alvez / Marcadores:

Janela Minha
Porta de vidro
Rachado,
Manchado
Por meus próprios sonhos
Reflexos de Candura imaculável

Superfície Marcada
Eterno portal
De um olhar inocente
Horizonte onipresente
Àquela que não mente

Verdade doutrem
Desrespeito alheio
Curiosidade Infindável
Flor da corruptível paixão doutrora...
Meu conceito mutável

Sou a Testemunha invisível
Daquilo que nenhum véu oculta
Sou a inocência passível
De, pela influência
Crescer em lamúria...

Deveria deixar-me levar,
Ou deixar minha santa ignorância
Soberana reinar?
Apenas observar,
Ou fazer de errôneas vidas
Um molde a imitar?

Dúvidas de uma criança
Observações de um adulto
Que dispensando cautela
Nunca se importou em permanecer
O menino da janela.


Por: Henrique Alvez

O Júbilo de Marafaia

Author: Henrique Alvez / Marcadores:

Oh, senhora
Marafaia formosa
O que fizestes tu
Para estar tão jubilosa?

Oh, bela Meretriz infernal...
O que pode ter motivado
Tão lindo sorriso
Em teus rubros lábios estampado?

Seriam teus pés sujos de sangue?
"Não"
Ela me diz
"Este sangue de nada vale,
A mim não pertence"

Oh, doce dama perdida
O que lhe causas então
tamanha inimaginável Ventura?

"Caro Varão Juvenil"
Enrubesceu-me Marafaia
"Não superestime tal Ventura
A mim também não me diz respeito"

Oh, Sublime Mundana
Como podes tal sorriso
Não representar algo
Que não seja a mais pura
das felicidades?

"Tomei tal felicidade,
Caro admirador,
De alguém que não a merecia,
Na verdade..."

Como, venusta Rascoa,
Podes de qualquer um arrebatar
O mais etéreo dos Sentimentos?

E Marafaia me respondeu
"Apenas contempla meus pés
E neles o sangue que intocável
repousa"

E abandonou-me
Sem daquele guapo sorriso
despedir-se

Por: Henrique Alvez

Lamentação de Pícaro

Author: Henrique Alvez / Marcadores:

Do que vale teu sorriso
Se com ele desce minha lágrima?
Do que vale tal lágrima
Se o relevante é minha quimérica alegria?
E qual é sua importância
Se, em meu íntimo, para ela não há valia?

Mas do que valem tais perguntas
Se apenas eu as respondo?
E do que adianta respondê-las
Se apenas a mim elas atingem?...

A você, dedico o meu eu destruído
Ainda com um sorriso pintado
Que não se esgota
Mas nada representa....

Eu sou o preto dissolvido
Escorrido pelo branco
Que repousa no vermelho
Encharcando um âmago partido

E você, meu vermelho intenso
Goza de infindável amor meu,
Sem sequer saber
Que fora da graça
Resido

Por: Henrique Alvez

Sacro pretérito.

Author: Henrique Alvez / Marcadores:

Contemplas o passado
Lança tua íris tenra
Àquilo que a ampulheta da vida finda
Mas não apaga.

Observe tua antiga face
Teu sorriso inocente
Teu olhar melancólico
Tua expressão descrente

Como naquela época tu imaginarias
Tudo o que hoje és a vida tua?
Quando em tua terna e juvenil imaturidade
Idealizarias o que "nós" realmente significaria?

Imagens daquilo que se foi
Trazem-nos lembranças do que felizmente não voltará
Caminhos distintos
Paralelos
Emocionalmente extintos
Que graças à santa linha de tinta
Desviaram-se rumo à felicidade

Olhemos nossos rostos hoje
Encaremos nossos próprios olhos agora
Veja neles tão peculiar brilho estelar
Esquecendo o triste fosco de outrora
Que aparentava nunca os deixar
E materializemos nosso futuro iminente
Mas não tiremos nossos pés do presente.

Por: Henrique Alvez

Minha lira, o tempo.

Author: Henrique Alvez / Marcadores:

Tu, que no galgar infinito
Por essa senda vital e incompleta
Intáctil permaneces
Sem que eu sequer o anele.

De fato...

Tu alcanças meu âmago
Transmuta-o
Derruba-o
Mas é, como uma alva pluma, delicado
Dispensando permissão,
E ignorando minha completa falta de percepção

Não o julgo...

Oh, paradoxal senhor inerte
Que agitado te movimentas,
Varrendo meu sorriso
E desaguando languidez
Sem, mais uma vez,
Meu prévio aviso.

Inconstante meu...

Contraditório Senhor imortal
Ora o anseio, desfruto...
Ora o odeio, contigo luto...

Mas te compreendendo.

Assim és
Tão difícil definir
Impossível não viver
Mas que me permite existir.


por: Henrique Alvez

Pages